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Jardim de Infância ensina lições para vida | Sua criancaconsciente

Jardim de Infância ensina lições para a vida

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Simples e pouco significativas para o observador comum, brincadeiras ao ar livre oferecem muitas possibilidades de se movimentar e provar. E é isso exatamente o que as crianças mais gostam: liberdade e fantasia. Seja na praia, no parque, no jardim de casa ou no espaço recreativo do prédio em que residem, dentre as atividades na natureza, o brincar na areia é das mais prazerosas.

Os benefícios são diversos, pois as crianças não apenas se expressam de forma criativa enquanto criam castelos, túneis, cavernas e sistemas de canais, como são estimuladas a desenvolver habilidades sensoriais, motoras e aprendem juntas as regras para lidar com os seus pares. Conquanto elementar, a magia da areia não traz sozinha os ensinamentos. Há semelhantes ocupações introspectivas ou com parceiros que marcam a infância, inicialmente por representarem tão pouco e mais tarde serem consideradas valiosas.

Essa percepção foi imortalizada por Robert Fulghum, em seu livro “Tudo que eu devia saber na vida, aprendi no jardim de infância“, que ocupou em 1989 o primeiro lugar nas listas de best-sellers dos Estados Unidos por 60 semanas. Fulghum nos conta que foi vaqueiro de rancho, cantor de músicas country, pároco, barman, professor de desenho e pintura, e pai dedicado.

Quando escreveu sua obra, ele se definia como um filósofo da vida cotidiana e desejava mostrar que “a sabedoria não estava no topo da montanha mais alta de um curso superior“, como se imagina, e sim no montinho de areia, formado e desfeito com as próprias mãos da criança, nas creches, nos jardins de infância, na escola diária ou nas caixas de areia durante os recreios da escola dominical. Ele mesmo faz questão de enfatizar que seus escritos foram elaborados durante muitos anos, de maneira despretensiosa, sem a ideia de que viessem a ser reunidos num livro. Alguns chegaram a viajar o país e ganhar vida própria, até que um dia chegou às mãos de uma agente literária, trazido da escola, na mochila de seu filho.

Fulghum dá um aviso curioso: durante a leitura é possível ser encontradas contradições nos textos: “Pode acontecer de se estar lendo e pensar: mas ele não disse exatamente o contrário poucas páginas atrás?“ Pois é... ele confessa não ter chegado a conclusões definitivas sobre tudo. E essa, a meu ver, é uma grande “sacada“, porque não vivemos num mundo de crenças incontestáveis.

Quando li esse livro, há mais de 30 anos, tinha uma visão bem diferente das brincadeiras em caixas de areia, como também dos jardins de infância, instituição que não cheguei a frequentar. Cresci numa cidade litorânea e era muito comum ver crianças construindo seus “castelinhos“ na praia. Eu mesma já modelei dezenas deles. Essas pequenas obras de arte eram admiradas pelos passantes, que se mostravam desapontados quando as viam desmanchadas pelo avanço da água do mar. Não tinha noção, em tempos remotos, do quanto essas brincadeiras refinam a nossa essência.

O livro de Fulghum é inspirador. Abordando temas os mais variados - o prazer da comida da infância reencontrada num bar de beira de estrada, o escandaloso amor dos guaxinins, o menino surdo que no outono recolhe as folhas caídas das árvores, a experiência metafísica proporcionada pela lavagem de roupas sujas - escritos de forma bem-humorada, ele expõe o que há de nobre em pessoas comuns e de grandioso em situações banais.

A sugestão do autor é de que o livro seja lido devagar, sem pressa, pois não faz suspense, nem guarda a grande surpresa para o último capítulo. De fato, os últimos capítulos foram os que menos me seduziram. Não é preciso concordar com tudo o que ele diz. Ler, porém, as suas crônicas, nos torna mais ricos, mais perceptivos e mais ternos.

 

O que Fulghum aprendeu no jardim de infância e levou para a vida:

  • dividir tudo com os coleguinhas;

  • jogar conforme as regras do jogo;

  • não bater em ninguém;

  • guardar os brinquedos de volta onde os pegou;

  • não tocar no que não era dele;

  • arrumar a “bagunça“ que ele mesmo fazia;

  • dar descarga após o uso do vaso sanitário;

  • lavar as mãos antes de comer;

  • pedir desculpas, se machucava alguém;

  • respeitar o limite dos outros;

  • estudar, pensar, pintar, desenhar, cantar, dançar, brincar e trabalhar, de tudo um pouco, todos os dias.

 

Como se vê, o que se aprende nos primeiros anos de vida serve para nortear uma existência.

 

Nota: Enquanto escrevia este artigo, pesquisei sobre o livro na Internet. Foi curioso identificar esse título em diferentes seções nas livrarias que o disponibilizam: ora na prateleira de livros sobre Administração, ora na de livros sobre Psicologia, ora na de livros sobre Educação, ora na de livros sobre Autoajuda, aplicando-se a diferentes áreas do conhecimento humano.

Referência:

FULGHUM, Robert. Tudo que eu devia saber na vida aprendi no jardim de infância: Ideias incomuns sobre coisas banais (Do original “All I Really Need to Know I Learned in Kindergarten, 1986). 4ª Edição. São Paulo: Editora Best Seller, 1988.
 

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