top of page

Opinião
Home > Opinião

Os seis primeiros anos de vida são os mais importantes  | Sua Criança Consciente

Os seis primeiros anos de vida são os mais importantes

Os seis primeiros anos de vida são os mais importantes  | Sua Criança Consciente

Mais do que os avanços tecnológicos, que otimizaram o fluxo de informações, oferecendo maior transparência nos processos da comunicação e permitindo uma conexão mais rápida e abrangente entre seus agentes, a estrutura viciada no trato da notícia e o descompromisso com a verdade desacreditaram a mídia convencional. 


A dinâmica das redes sociais aumentou (ou redimensionou) a interatividade das pessoas e o conteúdo compartilhado passou a alcançar o público de modo peculiar: seja na forma lúdica, provocando questionamentos, abrindo espaço para o contraditório ou oferecendo treinamentos. O trabalho de várias personalidades tem se mostrado eficiente na expansão do gradiente de participação coletiva.

Por sempre ter demonstrado interesse pela política nacional e preocupação com o destino do Brasil, tendo acumulado experiência no jornalismo, sou constantemente indagada sobre o porquê de não estar cerrando fileiras, tendo como dever a notícia. Na verdade, já vejo número suficiente de pessoas prestando esse servico, até com bravura, e embora acredite haver lugar para todos, observo o cenário brasileiro a distância, o que me impede de apurar completamente os fatos, como é dever da profissão. Assim, optei por ficar à margem da política do dia a dia e contribuir com a conscientização de pais, chamando-lhes a atenção para valores que vão sendo subvertidos, de modo que exerçam o seu papel com responsabilidade, legitimando ou não os conhecimentos adquiridos pelos seus filhos.
 

Além disso, na abordagem jornalística, o foco deve ser mantido na notícia, e os fatos narrados devem constituir interesse geral. Meu objetivo não é fiscalizar ações do poder público, investigar ou fazer análises de situações diárias, para expor a densidade da vida e a permanente desvantajosa condição dos homens comuns, trabalhadores e pagadores de impostos. “Mesmo no tempo mais sombrio, temos o direito de esperar alguma iluminação“ nos alenta a escritora Hannah Arendt. E minha esperança é a de que as novas gerações sejam mais conscientes, capazes de distinguir, por si mesmas, verdades de mentiras.

Vejo crescer o número de pais preocupados com o desenvolvimento de suas crianças, insatisfeitos com o sistema tradicional de ensino, com o conteúdo (ou a falta dele) da aprendizagem e com o que se acostumou chamar de "doutrinação nos estabelecimentos de ensino“. Cabe-me lembrar o francês Pascal Bernardin, que em seu livro "Maquiavel Pedagogo ou o ministério da reforma pedagógica“, diz não se tratar de doutrinação e sim de uma revolução psicológica que pretende nos levar, num momento futuro, à revolução social. Minha proposta é tornar mais claras as técnicas de manipulação que vêm sendo utilizadas rumo a esse objetivo e sugerir ações para uma mudança de mentalidade.

Desde que me tornei educadora, desenvolvi um olhar mais sensível para a família. Efetivamente, a palavra qualificadora desse profissional não é a mais adequada, porque educar não é a sua função. O educador é apenas um técnico apto a acompanhar, socializar, aculturar (transmitir elementos da cultura) e contribuir na integração da criança na sociedade, portanto sua tarefa não substitui a dos responsáveis pela criança, nem pode ser comparada à destes, porque o educador não tem o mesmo vínculo com a criança. Cabe aos pais e tutores legais o dever de zelar pela integridade dela.

Desconhecendo sua própria história e a história da Humanidade, muitos pais nao têm um plano de ação, nem conseguem priorizar seus deveres, e sentem-se sobrecarregados em meio a tantas tarefas. Consequentemente, seus esforços têm se mostrado insatisfatórios para alcançar os resultados que eles próprios almejam. Ainda que nossa realidade seja fruto de interpretações baseadas num sistema de crenças – daí não a percebermos verdadeiramente -, atividades que proporcionem às criancas maior clareza sobre sua história, sua identidade, suas habilidades, instigando-lhes o espírito crítico, deveriam ser estimuladas. Afinal, se o que se deseja é a transformação da sociedade, através da elevação moral dos cidadãos, o instrumento mais poderoso é a educação.

Os primeiros contatos da criança com o mundo exterior ocorre por meio dos sentidos. Sendo assim, a capacidade de sentir e distinguir coisas, a que chamamos de percepção, é decisiva na forma como ela interagirá com o mundo ao seu redor. Seus responsáveis devem estar cientes da sua posição como "mentores", nos primeiros anos de vida. Melhor dizendo, nos seis primeiros anos, período em que, de acordo com estudos e observações, as sinapses comecam a ocorrer no cérebro em formação, e as "janelas" estão abertas para receber todo tipo de estímulo.

Esse momento não pode ser desprezado. Ao contrário, é ideal para já se começar, intencionalmente, um trabalho de transferência de informação e de inspiração de virtudes que se deseja perpetuar. Sem esquecer que as crianças crescem "rapidamente" e que seus pais não podem estar sempre com elas, nem tomar decisões em seu lugar.  De todo modo, pai e mãe não existirão para sempre, no mundo material, senão no mundo imaterial, pois embora eventualmente não estejam mais presentes, podem deixar legados.

Fazendo uso das palavras do professor Olavo de Carvalho, ao expor o pensamento do filósofo Aristóteles: "o fruto perfeito, por sua vez só age – e esta ação é a própria realidade – numa outra árvore que provém dele. (...) Assim como a herança deixada por um milionário não faz parte da fortuna dele, pois só é herança depois que ele morre. A herança necessariamente pertence a um outro."

Modestamente, espero que este e os próximos artigos sejam úteis a vocês, leitores.

Referência:
 

BERNARDIN, Pascal. Maquiavel Pedagogo ou o Ministério da Reforma Pedagógica. Edição brasileira autorizada pelo autor ao Instituto Olavo de Carvalho. 1ª Edição. Campinas, SP: CEDET, 2013.

 

DE CARVALHO, Olavo. Pensamento e atualidade de Aristóteles - Apostila do Seminário de Filosofia: Aula III (Parte II), Transcrição de Heloísa Madeira, João Augusto Madeira e Kátia Torres Ribeiro. Casa de Cultura Laura Alvim. Rio de Janeiro, RJ, 1994. Disponível em: https://olavodecarvalho.org/pensamento-e-atualidade-de-aristoteles-aula-iii-parte-ii/

Os seis primeiros anos de vida são os mais importantes  | Sua Criança Consciente

logo-png.png
bottom of page