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Armas de brinquedo conferem poder e força

Atualizado: 19 de abr.

Flash: “Eu sou o homem mais rápido do mundo. Superman: “Sou mais rápido do que uma bala, lembra? Flash: “Isso não importa, se não consegue me acertar. Superman: “Você tem o porte dessa arma, Cold? Capitão Cold: “Tenho o seu porte bem aqui”, diz Cold, apontando. Superman: “Alguém deveria te ensinar umas maneiras! Nuclear: “Talvez queira proteger seus olhos“, diz, criando fogo pelas mãos. Superman: “Eu já fui até ao sol, Nuclear! Nuclear: “Só que aquilo é um pedaço de carvão perto de mim!

 (Trechos de diálogo entre super-heróis, em Injustice II, jogo de luta produzido pela NetherRealm)


Super-heróis nem sempre usam armas de fogo. Correto ou incorreto? Correto: Uma das razões é que, no contexto de suas ações e dos locais em que agem, o uso de armas de fogo seria explicitamente ilegal, ponderam adeptos. A justificativa vai além: os personagens já possuiriam habilidades extraordinárias, como a de voar e de controlar elementos como o fogo, por isso não precisariam de armas. Nem todos os super-heróis, contudo, possuem capacidades sobrenaturais. Algumas figuras da Marvel destacam-se por contar apenas com suas habilidades notáveis para vencer as batalhas. Incorreto: Crianças compensam suas fraquezas com figuras das quais elas pegam para si um pouco de força” defende o neurocientista alemão Andreas Engel. E, Siegfried (herói de sagas germânicas) ou Lucky Luke (quadrinhos franco-belgas, ambientados no velho oeste americano) - verdadeiros heróis, possuíram armas em todos os tempos”. Com razão, pois não usar armas não significa não trazê-las consigo ou não dispor de habilidade para improvisá-las. Batmam, por exemplo, é conhecido por não gostar de armas de fogo, mas carrega consigo um cinto de utilidades. Predileção por armas e armaduras

Brincadeira com armas de brinquedo sempre gerou discussões calorosas. Cedo ou tarde, constata-se que muitos pais acabam se decepcionando, porque, por mais que propaguem a harmonia, também o seu filho se interessa por armas. Meninos, especialmente, desejam armas de guerra. “Eles são guiados pelo seguinte princípio: 'quem não ganha, perde' ”, explica Engel, baseando a orientação em razões hormonais-genéticas e influências culturais. Meninos nutrem também uma grande necessidade de medir força física e proibi-los de brigar seria um absurdo, na visão do psicólogo, que criou e dirigiu por muitos anos o Centro de Educação Familiar, na cidade de Hof, Alemanha. Apesar de a maioria dos pais desprezar esse tipo de divertimento – há aqueles que revelam até sentir-se mal ao acabar cedendo, contra a vontade, e comprar um brinquedo dessa natureza – pesquisas revelaram que em uma de cada duas familias com crianças, encontra-se armas de brinquedo. A informação é da pedagôga Beate Weymann, autora do artigo “Minha criança brinca, de preferência, com armas e armaduras”.

Weymann é mais uma voz a chamar a atenção para o motivo de as crianças desejarem armas: elas querem brincar com os mesmos brinquedos dos coleguinhas do jardim de infância, da escola, da associação esportiva. “Além disso, propagandas, catálogos de brinquedos, revistas, exercem forte influência e vitrines de lojas de brinquedo agem como uma tentação”, discorre. Crianças imitam o que veem e armas de guerra e violência são assuntos presentes nos noticiários, nos filmes, também nas festas à fantasia. Elas percebem policiais, cowboys, cavaleiros, piratas etc., com seus apetrechos. O que significa dizer: não adianta manter as crianças fora da realidade.


Por um lado, crianças nem precisam necessariamente de armas para brincar de guerra ou tiroteios. Elas usam objetos inofensivos, como galhos, pedaços de cano, peças de lego, até o próprio dedo indicador, como revólver, e processam psiquicamente as informações nas brincadeiras. Dotadas, as crianças, de fontes inesgotáveis de inspiração, tudo pode ser visto por elas como brinquedo. O problema para os educadores estaria apenas em quando as crianças passam a utilizar artigos inadequados. Colecionar figurinhas Por outro lado, convém que os adultos tenham noção de como as coisas funcionam. O filósofo e matemático Leibniz sustentava que o homem com mais figurinhas memorizadas, ainda que totalmente ficcionais, seria no fim das contas mais inteligente. Entendendo o raciocínio: o córtex occipital (parte posterior do cérebro) processa a informação recebida e a transforma em imagem. Nessa operação, as informações  sofrem uma comparação com as já existentes na memória (fase de reconhecimento), sendo interpretadas, filtradas e armazenadas. “Por exemplo: pense numa vaca. Pensou? Não te parece uma figurinha na cabeça, como uma carta de super trunfo? Pois então, essa é a ideia. A imaginação é a capacidade de pegar essas figurinhas e explorar as suas possibilidades”, comenta Fabio Ardito, em seu Blog.

“Você pode imaginar todas as coisas que uma vaca é capaz de fazer e criar uma história com ela. Daí você pode pensar numa outra figurinha, como uma árvore. Juntando as duas, pode criar uma imagem mais complexa, como uma vaca dormindo embaixo de uma árvore. Agora, vamos pegar a figurinha mato, e podemos ter uma vaca comendo mato embaixo de uma árvore. E assim a coisa vai, podendo se tornar tão complexa quanto o conjunto dos romances de Balzac, que formavam uma sociedade fictícia completa. O Balzac tinha uma coleção de figurinhas interminável. Isso significa que ele tinha uma inteligência realmente aguçada, um verdadeiro gênio”, acrescenta Ardito. Sob essa perspectiva, quanto mais figurinhas a pessoa colecionar, mais relações e histórias ela será capaz de criar. E, sendo capaz de fazer tantas associações, o próximo passo será aprender a distinguir o que é ou não passível de acontecer. As figurinhas já estão no imaginário infantil. Quando a criança expressa uma vontade ou preocupação, o melhor a fazer, então, em vez de ignorar, seria tematizar. Beate Weymann ratifica a opinião de que armas dão sentimento de poder e força, ocultando a sensação de insuficiência. “Para as crianças a arma é tão significativa porque elas percebem, num determinando momento, o que se pode alcançar com um revólver: companheiros de brincadeira caem no chão e adultos mostram, intensamente, reações hostis (ou reagem como os companheiros de brincadeira). É compreensível como seja bom para uma criança ter tanto poder.”

Brincar com armas é, para muitos psicoterapeutas e educadores, algo normal e saudável, possibilita que a criança pratique o ataque e a defesa, sem ter para tanto que se aproximar fisicamente do adversário. Desse modo, as crianças estariam na condição de diferenciar o jogo da realidade. Destacam, igualmente, a importância de elementos do jogo para a vida, avaliando que saber viver seria equivalente a saber jogar. O que mais a literatura propõe sobre o assunto:


Recomendações:

  • quando a criança demonstrar interesse por armas, tente não se assustar. O importante é que ela tenha contato, o quanto possivel, com materiais os mais diferentes;

  • que seja dada à criança outra “munição”, ou seja, estímulos: opções de leitura, sugestão para artesanato, prática de esporte, jogos de tabuleiro, de memória (lembra das figurinhas?), aulas de música, exploração da natureza, livros para colorir, enfim. Sempre encontra-se algo adequado ao temperamento e ao bolso;

  • que não se deve incorrer no erro de impor à criança, todo dia, um programa completo. O que se pretende, nesse caso, é desviar a atenção dela para as armas, com experiências alternativas, que gerem satisfação;

  • que armas de brinquedo não devam ser tão realísticas. Em vez do modelo fiel de uma pistola original, serve uma pistola de madeira. Além do que, precisa-se de regras nas brincadeiras: revólver – indiferente, se uma haste de árvore ou se de plástico – não pertence ao rosto; ninguém pode ser machucado; e “paresignifica literalmente “pare.

Perigos expostos:

  • Não se pode avaliar de forma conclusiva se brincadeiras com armas de brinquedo causam danos a longo prazo. Uma coisa, porém, é certa: armas de brinquedo fomentam, mais do que outro brinquedo, conceitos de ação orientados para a violência.

  • A fantasia é direcionada unilateralmente numa direção. Tomando como exemplo a peça de Lego, esta pode ser usada em todo tipo de construção; servir como “refeição” numa dramatização; como modelo de um desenho; como arma, na pior das hipóteses. Portanto, oferece muitas possibilidades. Já com o revólver, não se imagina nada além do óbvio. Curto ou longo, com o tempo o revólver também se torna monótono, porque o propósito do brinquedo já está claramente definido.

  • Experimentos mostraram que crianças que manipulam armas de brinquedo comportavam-se agressivamente (em comparação com crianças que brincam sem armas) apenas nas situações de jogo. Num médio prazo não foram observadas mudanças comportamentais. Um problema verdadeiro surge quando jogos de guerra dominam entre as crianças, que passam a desejá-los cada vez mais ou a mostrarem um comportamento antissocial. Em certas circunstâncias, elas ferem intencionalmente outras crianças.

  • Crianças acabam sendo educadas pela violência real em seu ambiente de vida, portanto a arma de brinquedo não seria determinante por si só. A hostilidade do meio social se reflete na forma de brincar. Crianças sob essa influência não teriam um ego forte o suficiente, nem estariam na condição de brincar corretamente, pois não conseguiriam separar o jogo da realidade. Quando pais têm com os filhos uma relação de cuidado, a tendência é de que as crianças reproduzam as maneiras.

Contra-estratégias:

  • Pais mostram sua rejeição aos brinquedos de guerra, não comprando nenhum. A possibilidade de que a criança tome emprestadas armas de coleguinhas ainda permanece. A alternativa seria comprar muito poucos brinquedos desse tipo para ela.

  • Pais pedem a amigos e parentes que não presenteiem seu filho com armas de brinquedo.

  • Pais que rejeitam armas devem posicionar-se, deixando claro que não se sentarão à mesa, não sairão para passear etc., com uma criança “armada”. Argumentos: “Revólver, para mim, não tem utilidade”; “Eu associo armas à violência, aflição, crueldade, futilidade, morte”. Vale a pena, desde cedo, transmitir à criança que uma pistola não é igual a outros brinquedos.  

  • Pais devem ensinar aos filhos que conflitos podem ser resolvidos sem violência.

 

Referência:

PSX BRASIL. Injustice 2 - Todos os Diálogos de Superman – Legendado PT-BR. Youtube, 09.05.2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xx3aSnMQKJc. Acesso em: nov. 2023. VINHA, Felipe. Conheça os personagens inéditos do game Injustice 2. TechTudo, 16.05.2017. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/listas/2017/05/conheca-os-personagens-ineditos-do-game-injustice-2.ghtml. Acesso em: nov. 2023. ROHLING, Cristiano Roberto. Algum super-herói já usou sua capa como arma? QUORA, 2019. Disponível em: https://pt.quora.com/Algum-super-herói-já-usou-sua-capa-como-arma. Acesso em: nov. 2023 REVOLVERHELDEN - PAPA, HAST DU WAS TOLLES ZUM TOTMACHEN? Eltern.de.Kleinkind, Erziehung. Disponível em: https://www.eltern.de/kleinkind/erziehung/papa-hast-du-was-tolles-zum-totmachen. Acesso em: nov. 2023 WEYMANN, Beate. Mein Kind spielt am liebsten mit Waffen und Panzern. Familienhandbuch.de, 25.02.2002. Disponível em: https://www.familienhandbuch.de/babys-kinder/erziehungsfragen/allgemein/meinkindspieltamliebstenmitwaffenundpanzern.php. Acesso em: nov. 2023 ARDITO, Fábio. O que significa inteligência e quais são seus inimigos. Fabioardito.com, 21.02.2020. Filosofia. Disponível em: https://fabioardito.com/o-que-significa-inteligencia-e-quais-sao-seus-inimigos. Acesso em: nov. 2023

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