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Geração ‘Z’: falência dos pais, da educação pública ou projeto político?


Se você tem filhos nascidos entre 1995 e 2010, eles fazem partem da geração ‘Z’, que corresponde à idealização e surgimento da World Wide Web – www -, criada em 1990 pelo norte-americano Tim Berners-Lee. Como seus integrantes cresceram com a popularização da internet, interagindo com o mundo por meio de todas as tecnologias disponíveis, essa geração tem uma outra visão de tempo – não mais sequencial e sim paralela -, na qual a realidade é simultânea, por isso consideram que várias atividades podem ser realizadas ao mesmo tempo.


A geração Z’ é a primeira a ser educada de modo diverso ao das gerações anteriores, pois já nasceu num contexto 100% digital, e, portanto, a primeira a entrar no mercado de trabalho com esse perfil. Ela se caracteriza por reunir pessoas sobre as quais se pode dizer que sejam:

  • hiperconectadas – que realizam diversas conexões, num universo particular, dando a impressão de estarem alheias ao seu próprio ambiente e às relações pessoais. São aquelas que, por exemplo, estão entre quatro paredes, recebendo muita informação e aumentando a rede de amigos virtuais, em contrapartida interagindo, vagamente, com entes mais próximos, como familiares e vizinhos;   

  • ágeis – dadas a diversidade de mídias e a velocidade no tráfego de informação, o uso dos equipamentos tecnológicos influenciam fortemente o seu comportamento, imprimindo-lhe versatilidade e caráter multifuncional. Tendo a habilidade de adaptar-se e desempenhar diferentes papéis com facilidade, funcionam como um “coringa” - a carta do baralho que muda de valor e combinação dependendo do local em que é colocada num jogo;

  • individualistas – o que não significa ser egoísta, aquele que coloca os próprios interesses e desejos em primeiro lugar, em detrimento dos demais. Individualismo é um conceito político que está relacionado à afirmação, independência e autossuficiência de pessoas ou grupos frente às ordens estabelecidas. Elas se opõem a intervenções externas em suas opiniões e escolhas;

  • ativistas – que exercitam e aderem a ações e práticas em apoio ou oposição a uma política em vigor, com o objetivo de promover mudanças sociais, culturais, ambientais etc. Nesse sentido, são vistas como pessoas descoladas e tolerantes, cujas causas nascem da indignação para com uma realidade que, para elas, poderia ser bem diferente.

Primeira geração com QI inferior ao dos pais - A geração ‘Z’ recebeu basicamente uma superproteção de seus genitores, muitos dos quais afirmam publicamente terem poupado seus filhos das dificuldades que eles mesmos precisaram enfrentar. Todavia, são esses pais os que mais expressam o sentimento de terem falhado no papel de educador. É que já há algum tempo testes de quociente de inteligência (QI) apontando que a geração digital é a primeira a ser menos inteligente do que seus pais, conforme mostrou reportagem de Irene Hernández Velasco para a “BBC News Mundo” (serviço de notícias em espanhol da BBC, corporação pública de rádio e televisão do Reino Unido), trazendo uma repercutida entrevista com o neurocientista francês Michel Desmurget, autor do best-seller “A fábrica de cretinos digitais”.


Como diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, Desmurget apresentou dados concretos, e de forma conclusiva, de como os dispositivos digitais estavam afetando seriamente o desenvolvimento neural de crianças e jovens. “Simplesmente não há desculpa para o que estamos fazendo com nossos filhos e como estamos colocando em risco seu futuro e desenvolvimento”, argumentou.


Embora o QI seja avaliado por um teste padrão, Desmurget adverte para o fato de que a medida não é estática, e sim deve ser frequentemente revisada, esclarecendo que os pais não fizeram o mesmo teste que os filhos; de igual modo, um grupo de pessoas pode ser submetido a uma versão antiga. Ao fazer isso, pesquisadores observaram, em muitas partes do mundo, que o QI aumentou de geração em geração. Isso foi chamado de ‘efeito Flynn’, em referência ao psicólogo norte-americano que descreveu o fenômeno. “Mas, se considerarmos os países onde os fatores socioeconômicos têm sido bastante estáveis por décadas, o efeito ‘Flynn’ começa a diminuir. Nesses países, os ‘nativos digitais’ são os primeiros filhos a ter QI inferior ao dos pais. É uma tendência que foi documentada na Noruega, Dinamarca, Finlândia, Holanda, França, etc.”


Indagado sobre o que estaria causando essa diminuição, o neurocientista alegou não ser ainda possível determinar o papel específico de cada fator, como poluição, sistema de saúde, sistema escolar, nutrição ou exposição a telas. No entanto, mesmo que o tempo de tela de uma criança não seja o único responsável, ele tem efeito significativo, pois os principais alicerces da inteligência, como linguagem, concentração, memória e cultura são afetados, e esses impactos levam a uma queda significativa no desempenho acadêmico. 


Geração com dificuldade de trabalhar em equipe  – Em artigo publicado no “Blog

Vida Simples”, Mariana Chagas pretendeu apurar as causas de a geração ‘Z’ ser alvo de críticas no mercado de trabalho, destacando a crença, de muitos, de que esse grupo não seria tão esforçado, resiliente ou motivado quanto o restante do setor. Ela cita levantamento do site de currículos Resume Builder, segundo o qual, para profissionais mais experientes, os nascidos entre os anos 1995 e 2009, agora dando início à sua vida profissional, seriam mais difíceis de trabalhar em grupo. 


“Na pesquisa, 12% dos profissionais apontaram que já demitiram um funcionário da Geração ‘Z’ com menos de uma semana de serviço. Entre os principais motivos, relataram sentir falta de habilidades de comunicação, de motivação e de esforço desses jovens. A mesma pesquisa apontou que gerentes e chefes de equipe preferem contratar Millennials  ou a Geração X. O que pouca gente comenta é que essas gerações, quando entraram no mercado de trabalho, também foram alvo de críticas e desafiaram os modelos já existentes”, pondera.

Sob diferente aspecto, a geração ‘Z’ é destacada, por alguns experts, no referido artigo, como a que estaria buscando por flexibilidade de horário e de local de trabalho; teria mais consciência sobre a importância de cuidar da saúde mental; não permitiria abusos e explorações - cenários ainda comuns nas empresas. Uma analista, inclusive, é de opinião de que parcela da geração digital “não estaria exigindo nada que pareça tão fora da realidade e que seria justo desejar melhores condições de trabalho e lutar por isso”. Classificação das gerações por tipos 

A classificação das gerações, pelas Ciências Sociais, baseia-se no período de tempo em que a identidade da pessoa é construída, a partir de recursos e significados social e historicamente disponíveis. Essa classificação orienta o mercado de trabalho. Todas as gerações possuem um repertório e pontos positivos, que podem se complementar, a depender do critério de cada empresa em entender essas particularidades e explorar os potenciais.

Geração Baby Boomers – compreende nascidos entre 1946 e 1964. “Baby Boomer” é um termo inglês traduzido em português como “explosão de bebês” - fenômeno ocorrido no final da Segunda Guerra, quando os soldados voltaram para casa e, nos países anglo-saxônicos, sobretudo Estados Unidos, Canadá e Austrália, observou-se um aumento súbito de natalidade (baby boom). Desenvolvendo-se após um período turbulento, essa geração confrontou-se com muitos desafios.


Geração X – compreende nascidos entre 1960 e o final dos anos 1970/início dos anos 1980. Vivenciou o período de reconstrução da Europa, a Guerra Fria e as transformações provocadas por movimentos de grande impacto no cenário social e cultural, como o Maio de 68, a onda hippie e a luta por direitos políticos e sociais. No Brasil, essa geração viveu sob regime militar e assistiu ao seu declinio, testemunhando o desenvolvimento industrial e o crescimento econômico. Experimentou um mercado de trabalho bastante competitivo e valorizou o diploma formal, a capacitação e a estabilidade profissional.

Geração Y ou Millennials -  compreende nascidos entre 1980 até a primeira metade da década de 1990 e foram os que acompanharam a revolução tecnológica. Esse grupo presenciou a chegada do novo milênio e alinhou-se a causas sociais, tendo como prioridades o trabalho intenso, a formação de uma família e a busca por estabilidade na carreira. Nela estaria a maior fatia da atual população do Brasil, compondo 50% da força de trabalho do país. conforme um estudo do Itaú BBA (FORTES TECNOLOGIA.COM). 


Geração Z - nascidos em meados dos anos 1990 até 2010, isto é, durante a transição do século XX para o século XXI. Acostumou-se a ter suas necessidades atendidas de forma imediata – uma tendência da era digital - e a abraçar ideologias coletivistas que, historicamente, têm levado o mundo à opressão e fome. Já foi descrita como “uma geração com baixa tolerância à frustração e a crença infundada de que o mundo lhes deve algo”. Também chamada de “geração do fim do mundo“ (daí ‚‘Z, a última letra do alfabeto), numa alusão àquela citada na Bíblia, que iria viver a transformação de um estado de coisas.

Geração Alpha – compreende os nascidos após 2010. É uma geração que ainda não foi totalmente definida, podendo vir a se fundir com a ‘Z . Até o momento é o grupo que mais obteve acesso à informação.

(Alguns chegaram a descrever como Geração W os nascidos entre 1991 a 2000. Ela seria uma subdivisão da Geração Y, formada por pessoas que, à época da criação da nomenclatura, ainda não haviam entrado no mercado de trabalho por serem menores de idadeOutros, porém, entendem que esse grupo não poderia ser considerado exatamente uma geração.)




Pelos frutos se conhece a árvore  – ou “o fruto não cai longe do pé” são expressões populares que apontam, nos filhos, semelhanças com os pais. A considerar a classificação acima, observa-se portanto que acontecimentos marcantes na história da Humanidade conduziram o destino de gerações. Embora tradições tenham sobrevivido, essas não estiveram livres de novas interpretações. Além do que, mudanças ocorrem de forma gradativa, por enfrentarem resistências.


Pais e tutores ocupam-se da educação, digamos, moral. É na família que os filhos recebem valores primários que lhes concedem orientação por toda a vida, como também é nela que se forma a personalidade de base da criança (regulação de instintos e de reações básicas, educação das emoções, transmissão de valores). Como autoridade familiar, suas orientações e proibições só são válidas para o contexto em que vivem e diferenciam-se dos praticados em outros domicílios. A partir da revolução industrial, com a criação de políticas públicas visando a atender necessidades e anseios dos trabalhadores, surgiu o jardim de infância – mais tarde subdividido em maternal, creche e pré-escola. Nascido para dar suporte às famílias, a instituição encarregou-se de iniciar a formação das novas gerações para a convivência social, processo aprimorado na escola, que tem a função de formar para a cidadania, transmitindo regras válidas para toda uma comunidade e conhecimentos práticos específicos.


“Antes, quando a criança começava a frequentar a escola, a personalidade de base dela já estava formada. Hoje em dia, a tendência é enviá-la para a escola cada vez mais cedo, de forma que a própria escola molde a personalidade de base – já não se ocupando somente dos códigos sociais, dos valores que vão orientar a convivência social, mas do mundo emocional que ela vai carregar para o resto da vida -, as reações elementares, de natureza quase inconsciente, que estão arraigados”, comenta o professor Olavo de Carvalho, em uma de suas aulas (Cortes do Seminário de Filosofia) disponíveis no Youtube. Ele lembra ainda que a sociedade está numa mudança acelerada, e que existe uma decomposição rápida dos padrões de vida intelectual.


Função da família versus escola - É fato que está na família a responsabilidade pela formação da base da personalidade da criança, conquanto há uma disposição para que a escola assuma essa função. Embora o processo ainda não tenha se consumado, o poder familiar perdeu força e vem se enfraquecendo por meio de medidas impostas pela legislação. No tocante à geração digital, por ora não se pode obter um inventário, visto que ela está em exercício. O que se sabe é que essa geração encontra-se na trincheira financeira. “Um novo estudo da agência de relatórios de crédito TransUnion revelou que as pessoas de pouco mais de 20 anos de idade têm salários menores, mais dívidas e maiores taxas de inadimplência que os Millennials tinham na mesma época”; e um estudo da McKinsey, empresa de consultoria empresarial norte-americana, trouxe à tona outro problema: “a Geração ‘Z’ está relatando taxas mais altas de ansiedade, depressão e angústia do que qualquer outra faixa etária”. (CNN BRASIL).


Certo também é que a geração ‘Z‘ antecede a ‘Alpha‘, a qual sofre a pressão de liderar a luta contra as mudanças climáticas e a transição para um planeta mais sustentável. Com base na sequência do alfabeto grego, levando em conta que a última geração foi nomeada ‘Alpha‘, imagina-se que a próxima será a ‘Beta‘, que deverá interagir com versões de si mesmas e de outras pessoas criadas por inteligência artificial. Então, se você tem filhos ou deseja conviver harmonicamente com os filhos da era digital, não alimente um sentimento de frustração por algo não ter saído como o esperado. Ainda há tempo de promover interações, buscando caminhos saudáveis e alternativos. “Toda educação é autoeducação e nós, na qualidade de educadores, devemos apenas criar o ambiente em que o aprendiz se educa a si mesmo.” Referência:

VELASCO, Irene Hernández: 'Geração digital': por que, pela 1ª vez, filhos têm QI inferior ao dos pais. BBC News Mundo. 30.10.2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-54736513. Acesso em: 15 out.2024.


CHAGAS, Mariana: Por que a Geração Z é alvo de críticas no mercado de trabalho? BLOG VIDA SIMPLES. 13.03.2024. Disponível em: https://vidasimples.co/carreira-e-negocios/por-que-a-geracao-z-e-alvo-de-criticas-no-mercado-de-trabalho/#:~:text=Entre%20os%20principais%20motivos%2C%20os,e%20de%20esforço%20desses%20jovens. Acesso em: 14 out.2024.


SOUZA, Karina: Classificação das gerações: entenda como aplicar na sua empresa. BLOG FORTES TECNOLOGIA. 15.02.203. Disponível em: https://blog.fortestecnologia.com.br/gestao-pessoas/classificacao-das-geracoes-entenda-como-aplicar-na-sua-empresa/#:~:text=4.,sem%20idade%20para%20o%20trabalho. Acesso em: 14 out.2024. 


MARCUS PAULO: A geração Z é a geração do fim do mundo. VISÃOLIBERTÁRIA.COM.12.05.2024. Disponível em: https://visaolibertaria.com/site/artigo/gerao-z-a-gerao-do-fim-do-mundo. Acesso em: 14 out.2024.


SOUZA, Jessé: A falência da Educação é projeto político que vem sendo colocado em prática. FOLHABV, 26.07.2023. Disponível em: https://www.folhabv.com.br/colunas/a-falencia-da-educacao-e-projeto-politico-que-vem-sendo-colocado-em-pratica/ Acesso em: 14 out.2024.


AGENDA 2030 PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Nações Unidas, Brasil. 15.09.2015. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/91863-agenda-2030-para-o-desenvolvimento-sustent%C3%A1vel. Acesso em: 14 out.2024.


HUR, Krystal: Geração Z tem salário menor, mais dívidas e maiores taxas de inadimplência, mostra pesquisa. CNN BRASIL.COM.BR. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/financas/geracao-z-tem-salario-menor-mais-dividas-e-maiores-taxas-de-inadimplencia-mostra-pesquisa/. Acesso em: 16 out.2024.


MORROW, Allison: Geração Z passa por dificuldades financeiras, apesar de ter herdado um mercado de trabalho “de ouro”, 10.04.2024. CNN BRASIL.COM.BR. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/geracao-z-passa-por-dificuldades-financeiras-apesar-de-ter-herdado-um-mercado-de-trabalho-de-ouro/. Acesso em: 17 out. 2024.


DE CARVALHO, Olavo: A personalidade é formada na família. Cortes do Seminário de Filosofia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9OMJk9FVqXM. Acesso em: 22 out.2024.

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